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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Recital de Cordel em Itajaí (Platéia.set.2008)

Cordel em Itajaí

Abdias Campos, o poeta cordelista, violeiro, ator declamador e cantador, aquele que participou da minissérie “A Pedra do Reino”, de Ariano Suassuna, apresentou “O Mundo Maravilhoso da Poesia de Cordel”, ao lado do violonista André Freitas, em umas das noites do Viapoesia – Circuito de Espetáculos da Palavra: evento promovido pelo SESC. Tudo aconteceu de 08 a 11 de agosto, no NEFA – Núcleo de Experimentos de Formas Animadas.
Quem esteve presente naquela noite colorida enfeitada por xilogravuras, com o sotaque e o som do sertão nordestino, certamente teve a oportunidade de conhecer um pouco sobre a história da literatura de cordel, que iniciou já na Idade Média, quando trovadores europeus divulgavam velhas histórias nas praças, em textos memorizados e cantados por cegos em troca de esmola. “Sua primeira feitura/ na Europa aconteceu/ Tipógrafos do anonimato/ Botaram o folheto seu/ Pra ser vendido na feira/ E assim se sucedeu/ Foi Portugal que lhe deu/ Este nome de cordel/ por ser vendido na feira/ Em cordões a pleno céu/ Histórias comuns, romances/ Produzidos a granel”, explica Abdias em um de seus cordéis. A cultura foi trazida ao Brasil no século XVII, com os colonos portugueses e espanhóis. Estas histórias eram decoradas por quem sabia ler, transmitida de forma oral e transformada pela memória do povo. E foi no Nordeste que, no Brasil, o cordel se iniciou, com os versos expostos nas feiras.
Para Abdias, o sertão nordestino é muito diferente daquele mostrado na televisão. “O sertão nordestino é muito lindo”. E foram alguns causos nordestinos que ele declamou, como o casamento de Maria do Mercado, com o Poeta de “Cordé”. Ele falou que toda pessoa que mora no sertão já nasce poeta: “somos descendentes de trovadores e índios” e ele cantou também sobre o feitio da poesia: “Alinha-se no papel/ em poesias espessas/ por muitas letras impressas/ na alma do escritor/ Desenrola carretel/ esses fios condutores/ para tecer os amores/ as musas descem do céu/ Entrecortando o papel/ com fios de inspiração/ numa movimentação de versos, rimas e clamas/ alinhavando pessoas/ na poetização/ Poeta de inspiração/ das subjetividades/ no entorno das cidades/ ou nos confins do sertão/ jeito de camaleão/ na transmutação das cores/ extraindo os olores/ dos versos que canta/ e faz como se fosse capaz/ de estimular os sabores”.
O Viapoesia trouxe a poesia declamada nas suas mais diversas formas. Houve também a oficina “Que coisa é essa, a poesia?”, com Cristiano Moreira, o Sarau Literário com o grupo CLAP; o espetáculo Trêmulo Corpo, com Ryana Gabech; e o TAMBAKA performance poética, com Ricardo Corona.
Então, o que deve ser poesia? Registro os versos de Abdias: “Poeta de coração/ ou coração de poeta/ Qual a maneira correta/ pra essa conceituação?/ Quem tentar achar razão/ para tal alegoria/ tem que ver o que não via/ no coração de quem sonha/ terá que dormir na fronha/ babada de poesia.”

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Rubia